L. Szondi


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PERFIL PSICOLÓGICO DOS APENADOS

SÚMULA

I - DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Ao trabalhar com apenados, na la Delegacia Regional Penitenciaria (DRP) do Rio Grande do Sul /Brasil, na realização de perícias criminológicas, para melhor avaliar a personalidade dos mesmos, foi eleito pela autora o Szondi Trieb Test. Teste projetivo já anteriormente usado pela pesquisadora, na realização de sua dissertação de mestrado, intitulada "O Adulto Analfabeto e os Transtornos de Percepção e Psicomotricidade", defendida na Faculdade de Educação da UFRGS e edítada sob o mesmo nome pela Sulina (1977).

A autora também é detentora da criação do software de avaliação do mesmo teste, com a programação feita por Emerson Mello Schivitz, com inscrição na SEI sob número 10320-9 DOU 23/05/88 e INPI sob n o 98001001.

O referido teste psicológico tem valor diagnóstico suficientemente comprovado por pesquisas, como a realizada por Zacarias Arandila Palacios com o

"Estudo Correlacional do Szondi Test e do MMPI em 1975; a realizada por Ivan Mynnich, intitulada "A Personalidade dos Homicidas", (1993) na Hungria; a de Yue Matsubara "Um estudo do caráter de alcoólatras realizada no Japão em 1991 entre muitas outras. Também atualmente encontra-se na Internet a home page com o Forum Internacional sobre Szondi Trieb Test, apresentando trabalhos e pesquisas de diversos países, com o endereço leo.berlips@motiv-analys.se ou na busca - Szondi.

Chamava a atenção da autora as colocações do Dr Szondi em seu livro "Tratado del Diagnóstico Experimental de los Instintos" (1970) onde ao explicar cada egótipo (Sch) apontava no item de significação criminológica que havia encontrado formas forenses específicas para cada tipologia. O autor não apresentava o fato baseado em estatísticas, mas em observações, das quais não situa claramente a origem e a quantidade.

Partindo das premissas apresentadas pelo Dr Szondi, a autora se propôs a realizar a investigação sobre:

- A PERSONALIDADE DOS APENADOS CONSIDERANDO O EGÓTIPO SZONDIANO, NA PRIMEIRA DELEGACIA REGIONAL PENITENCIÁRIA DO RGS.

De cujo extenso trabalho aqui se apresenta uma súmula.

II- MÉTODO

II.1-SUJEITOS

Foram sujeitos do presente estudo 300 detentos da Primeira Delegacia Regional Penitenciária do Rio Grande do Sul (DRP), cujo total perfaz em média de 700 a 800 reclusos.

II.2 - INSTRUMENTO DE PESQUISA

O instrumento usado para a coleta de dados foi a aplicação do Szondi Trieb Test na forma Al P1 (um perfil, uma aplicação). A avaliação foi realizada através do software Szondi Trieb Test.

II.3 - COLETA DE DADOS

Os locais onde foram coletados os dados foram os dez presídios e instituições que compõem a la DRP que são: Novo Hamburgo, São Leopoldo, Canoas, Taquara, São Francisco de Paula, Gravataí, Santo Antônio da Patrulha, Osório, Torres, Guaíba, aproveitando o teste realizado para a execução dos laudos periciais dos detentos.

Os dados foram coletados pela autora num espaço de aproximadamente dois anos, ou seja de março de 1995 a dezembro de 1996.

II.4- ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi utilizada a análise percentual para esta pesquisa.

III- IDENTIFICAÇÃO SOCIAL E PSICOLÓGICA COM A ANÁLISE DOS DADOS

III-1 IDENTIFICAÇÃO SOCIAL DOS APENADOS DA la DRP

Utilizando levantamento censitário, de 100% dos reclusos, realizado pelos técnicos da 1a DRP (Dr. Ari Moura, Advogado; Dra Arminda Cardoso, Assistente Social; Dra Susana Schneider, Assistente Social; Dra Rosane Ferreira, Psicóloga; e Dra Ida Maria Mello Schivitz, Psicóloga ainda auxiliados por outros profissionais na coleta de dados), apresentado no estudo intitulado "O Perfil do Apenado da 1a DRP" (1996), serão do mesmo ressaltados alguns dados sociais neste trabalho, para melhor conhecimento desta população;

- A população entrevistada foi composta de 760 homens e uma mulher presos.(população total);

- Em relação ao local de origem, 18% são da capital e 82% do interior;

- Quanto à cor: 89% brancos, 5% pretos, 6 % mulatos;

- O estado civil: 53% solteiros; 22% casados; 2% viúvos; 2% divorciados; 55% separados e 16% outros;

- O regime prisional: 52% regime fechado; 14% aberto; 34% no semi-aberto;

- Quanto às visitas: 64% recebem visitas de suas mães, esposas, companheiras, filhos e de outros; 38% não recebem;

- Verificou-se que 75% não possuem familiar preso e 25% tem familiares;

- Quanto à renda familiar: 66% ou mais da metade da população carcerária concentra-se nas rendas de 0 a 2 salários mínimos; 24% de 3 a 7 salários mínimos; 4% de 7 a 10 salários mínimos e 6% mais de 10 salários mínimos;

- Em relação à situação empregatícia 20% advém de trabalho em indústria; 20% do comércio; 26% da construção civil; 7% da agricultura e pecuária. Demonstrada baixa capacitação profissional;

- Quanto à saúde: encontrou-se 29% de portadores de alguma patologia e 71% saudáveis. Verificou-se um percentual relativamente baixo de doenças, considerando suas condições de vida anterior, bem como levando em conta o ambiente de confinamento prisional atual em que se encontram;

- Observou-se que 39% dos apenados abusaram do uso de drogas e álcool em sua vida anterior e 61% relataram que já fizeram uso dos mesmos.

III. 2 DADOS PSICOLÓGICOS OBTIDOS ATRAVÉS DO SZONDI TRIEB TEST.

A partir do exame dos principais egótipos, encontrados no Estudo da Personalidade dos Apenados, encontrou-se:

Em primeiro lugar, nos reclusos, com 14,3%, o Egótipo Sch ( k - p -), que Szondi chama de Negação Projetiva ou de pessoa com Eu Drill, isto é, disciplinada, adaptada ao seu ambiente.

Pode-se inferir, que esses presos estão adaptados ao ambiente carcerário, ou que o presídio funciona como suas casas, suas moradias, lembrando também que psicologicamente podem estar apresentando Sindrome de Carcerarismo, o que não é positivo, para sua situação. Ou ainda, pode-se pensar que são pessoas que se adaptam com facilidade a qualquer ambiente, portanto estar preso, não representa sofrimento, de forma consciente. Esses reclusos, quando fogem, procuram em geral dar um jeito para serem presos novamente ou, também podem preferir mais serem apenados foragidos, do que pessoas livres sem vínculos com a Justiça, o que explica fugas do semi-aberto ou logo antes de perícias para alargamento de regime, inclusive antes de Condicional e Indulto, porque com a fuga ainda mantem o liame com a Justiça.

Convém lembrar-se neste momento ao psicanalista francês Christophe Dejours (1988) quando fala na depressão que denomina de "depressão essencial, a qual segundo ele, se caracteriza por um estado mental de hiper adaptação à realidade, quando não há angustia, nem sintomas, sendo de difícil diagnóstico e sendo encontrada em pessoas normais, em pessoas com doenças graves e com pressões do trabalho". E., nós podemos considerar também, esta depressão "essencial" nos reclusos, indicada pelo (k-), que está presente na primeira, na segunda ( k- p+) e na terceira posição ( k- p 0), encontradas neste estudo, já que a marcação ( k-) trás consigo o sentimento de depressão.

Em segundo lugar, em 11% de reclusos, o egótipo ( k- p+), denominado por Szondi, como Ego Inibido (depressivo), também gerador de medos. Pode-se inferir que existe disciplina, nestes reclusos, gerada por medo de retribuição ou punição de parte dos superiores.

Em terceiro lugar, em 10% de reclusos, (k- pO), a total negação, depressão, inibição, ou ainda segundo Szondi, o Ego Neurótico, com neuroses de angustia, fobias, etc...

Em quarto lugar, observou-se dois tipos:

a)- o Ego ( kO p-) , em 8,7% de detentos, a Total Projeção em relação a objetos específicos, gerando um Ego Paranóide, que sabe-se inclui o sado-masoquismo e toda sua gama de alo- agressividade e auto - agressividade.

b)- O Ego (k+ P-) em 8,7% de detentos, (p-) projeção e (k+) introjeção, gerando o vetor de Projeção Introjetiva, ou um equilíbrio típico de pessoas toscas, rudes, primitivas, primárias, autistas, provenientes de culturas fechadas, precárias, como zonas de prostíbulo, meninos de rua, colônias, etc, que geraram individuos indisciplinados para regras morais, sem limites, que se poderia considerar como amorais.

Os demais tipos psicológicos encontrados estão numa posição bem abaixo de 50%, portanto ocupando significação menor.

O estudo realizado demonstra que estes presos são provenientes de parcelas "vulneráveis" de nossa sociedade, como denominado por Zaffaroni (1993) resultando que se deva labutar no sentido de um "re-socialização" ou mais que isso, no sentido de torná-los "invulneraveis", através da elevação dos parâmetros escolar, profissional, socio - cultural e do conhecimento desses fatos pela sociedade, que os incrimina, para deixá-los mais preparados para enfrentar a vida. Isso se alcançará, através de trabalhos de profissionais técnicos (Psicólogos, Médícos, Assistentes Sociais, Professores, Pesquisadores, pessoas da comunidade...) , da individualização bem realizada, do apoio da comunidade, de políticas governamentais mais direcionadas ao social, que gerem escolas, cultura e empregos, com remuneração condigna para nosso povo e mais, que as penas alternativas sejam aplicadas mais freqüentemente, nos delitos cabíveis.

ANEXO 1

EGOTIPOLOGIA SZONDIANA

ou

PERFIL PSICOLÓGICO DOS APENADOS DA 1 a DRP

SCH (k;p)

Nº Detentos

Percentagem

1. (+ O) Total introjeção; Ego profissional, egoísmo, narcisismo, o ter.

14 4,67
2. (O + ) Total inflação; ânsia de ser, manias, histerias (feminino). 15 5,00
3. (- O) Total negação; Eu neurótico; fobias, repressão, angustias. 30 10,00
4. (O -)Total projeção, Eu paranóide; agressividade (Masculino). 26 8,67
5. (+ + ) Inflação Introjetiva, ter tudo e ser tudo, narcisismo total; onipotente, esquizo-paranóides, psicopatas. 17 5,67
6. (- -) Negação projetiva, adaptação, depressão; Eu Drill disciplinado. Com hipertensão, destrutivo. 43 14,33
7. (± O) Intronegação, mecanismos compulsivos, Eu Dur, masculino; agressividade. 13 4,33
8. (O ±) Projeção inflativa, abandono, complexo de castração, Eu Moll, feminino. 8 2,67
9. (+ -) Projeção introjetiva, autismo, Eu Tosco, primitivo; fora dos limites, indisciplinado. 26 8,67
10. (- +) Inibição, inflação negativa; medos. 33 11,00
11. (- ±) Projeção inibida, alucinação, estranhamento, negação da feminilidade; Despersonalização; Crises. 20 6,67
12 (± -)Projeção retida com compulsão, Fuga, dúvida, Eu prófugo impulsivo. 15 5,00
13. (+±) Afirmação e aceitação do abandono e da feminilidade, pré fase da total introjeção. 11 3,67
14. (± +) Inflação retida com compulsão, deflação compulsiva, Eu trabalhador, obsessivo. 13 4,33
15. (± ±) Integração, Eu que intui as catástrofes; a situação básica do Eu Pontifex. 5 1,67
16. (O O) Desintegração, Eu que troca, impotente, estados crepusculares. 11 3,67

PERFIL PSICOLÓGICO DOS APENADOS DA 1 a DRP

(SÚMULA)

IDA MARIA MELLO SCHIVITZ

IDA MARIA MELLO SCHIVITZ

CURSOS

· PSICÓLOGA

· MESTRE EM PSICOLOGIA EDUCACIONAL. UFRGS

· ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO . UFRGS

· APERFEIÇOAMENTO EM REABILITAÇÀO PROFISSIONAL. INPS/CRP/RGS

· ESPECIALIZANDA EM CIÊNCIAS CRIMINOLÓGICAS, JUNTO AO DIREITO PENAL DA FACULDADE DE DIREITO.UFRGS.

LOCAIS EM ATIVIDADE, COMO PSICÓLOGA

· SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA RGS

· CENTRO DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL INPS RGS

· FUNDAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS

· PROFESSORA DA GRADUAÇÃO E PÓS A NÍVEL DE MESTRADO DA PUC, DOS CURSOS DE PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO;

· PROFESSORA DE CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO DA FAPA;

· PROFESSORA CONVIDADA PARA CADEIRA DE CRIMINILOGIA E CONTROLE SOCIAL NO CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO , ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA FORENSE. DA ASSOCIACIÓN DE PSICÓLOGOS FORENSES DE BUENOS AIRES. 1998

· ATUALMENTE EM ATIVIDADE NA SUSEPE/ 1 a DRP, COMO PSICÓLOGA CRIMINÓLOGA

· DOCENTE DE PSICOLOGIA JURÍDICA DO CURSO DE DIREITO DA FACULDADE LA SALLE.

· CREDENCIADA DA POLÍCIA FEDERAL PARA PSICOTÉCNICO PARA PORTE DE ARMA FEDERAL

EMAIL schivitz@cpovo.net Fone/fax (051) 241 95 63

BIBLIOGRAFIA

MUNNICH, Ivan - A Personalidade dos Homicidas. ANÁLISE PSICOLÓGICA

Jan./març. Vol. 11(í)1993

MATSUBARA, Yue - Um Estudo do Caráter dos Alcoólatras. JOURNAL OF

CRIMINAL PSYCHOLOGIE. Vol. 29 (2) 39-53 Japão. 1991.

MUNNICH, Ivan - A Personalidade dos Homicidas. ANÁLISE PSICOLÓGICA

Jan./març. Vol. 11(í)1993

MATSUBARA, Yue - Um Estudo do Caráter dos Alcoólatras. JOURNAL OF

CRIMINAL PSYCHOLOGIE. Vol. 29 (2) 39-53 Japão. 1991.

DE JOURS, Cristophe - O CORPO ENTRE A BIOLOGIA E A PSICANALISE.

Artes Médicas PA 1988.

MUNNICH, Ivan - A Personalidade dos Homicidas. ANÁLISE PSICOLÓGICA

Jan./març. Vol. 11(í)1993

MATSUBARA, Yue - Um Estudo do Caráter dos Alcoólatras. JOURNAL OF

CRIMINAL PSYCHOLOGIE. Vol. 29 (2) 39-53 Japão. 1991.

SCHIVITZ, Ida Maria M.- O ADULTO ANALFABETO E OS TRANSTORNOS

DE PERCEPÇÃO E PSICOMOTRICIDADE Ed. Sulina. 1977.

SCHIVTZ ET ALL.- PERFIL DOS APENADOS da 1a DRP - SUSEPE

Edição 1 a DRP 1996

SZONDI, L. -TRATADO DEL DIAGNÓSTICO EXPERIMENTAL DE LOS

INSTINTOS. Bibl. Nueva Almagro. Madrid. 197O

ZAFFARONI- CRIMINOLOGIA Editorial Temis. Colombia. 1993.

c 1996-2000 Leo Berlips, JP Berlips & Jens Berlips, Slavick Shibayev